sexta-feira, julho 18, 2008

Agora eu não sei onde estou.
Eu nem sempre soube, nem sempre liguei.
Mas teve uma época de passado
onde eu me aproximava de beiradas
apenas para sentir o prazer da vertigem.

E eu costumava ver todo tipo de coisa.
As imagens vinham assim, na minha direção
nos momentos em que a cabeça entorpecia
e elas flutuavam pelos meus olhos
por alguns instantes de milissegundos
antes de se esconderem de toda a lembrança.

E agora eu não sei onde estou.
Mas eu sei o que elas eram:
Profecias.
Porque elas me voltaram, uma a uma.

Deveria coisas, eu suponho, para elas.
Seriam avisos fortes, eloqüentes,
antes elas me viessem não como deja vu
mas como o renascentismo do meu destino.
Mas todas as vezes, elas apenas me voltam
da mesma forma que eu voltava a ser criança.

Uma vez, eu corria, até eventualmente saber
que, continuando assim, seria içado aos céus.
O pulo, porém -- o pulo é a minha analogia.
A analogia que explica minhas profecias.
O pulo é o momento em que eu percebia, já no ar
que a decisão não era mais minha. Não mais.
O pulo era quando eu percebia que a gravidade
estava lá, cercando, o tempo todo, antecipada
puxando de volta quaisquer desejos para o chão.

E cada uma dessas minhas profecias foi uma queda.
Porém toda queda foi doce.
Foi despencar das nuvens e cair e cair e cair
como num sonho antigo, também da infância,
onde eu estava no mar, fundo e frio
quando baleias começavam a nadar ao meu redor.
E elas gigantes não me viam minúsculo
carregado para próximo, tão inútil e fraco,
sem controle nenhum dessas forças da natureza
que me arrebataram tão desameaçadoramente
que não havia medo, apenas um frio forte
de vísceras que abdicavam do sangue para
fazerem o corpo arder e o coração pulsar pesado
entregue tão abertamente ao universo
que quaisquer caminho de morte e de dor
ou de liberdade e amor, era o caminho certo.

Sabe?

Eu não sei.
Eu acho que, talvez, eu esteja lá.

Um comentário:

  1. Você está me devendo o original. Era sobre a musa. Ela merece.
    né, né, né? :)

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