Ela veio perto e disse uma coisa bonita - é a primeira coisa que se tem que dizer sobre ela, ninguém nunca no mundo mentiu tão bem -, parecia estupidez, mas era o jeito dela de sempre e ele acreditou porque é assim que deve ser: um deles, pelo menos, tem que acreditar nas mentiras do outro e isso durante tempo o bastante para que a verdade não importe mais.
Ela vinha mudando de cor com os pisca-pisca manchando ela de colorido que mudava, ela era um acidente de aquarela na mesa de um artista, uma pintura barata e genérica que ele bebia apaixonadamente sobre o tapete e o frio do piso, até caírem abraçados com as roupas enroladas nos corpos e ela virava para a árvore, só as orelhas dela mudavam de cor agora, e ela fazia uma jura de amor eterno - um dia ele a olhou nos olhos de uma desconhecida, tinha inabalável certeza de que ela mentia o amor da boca e foi então que ele pensou como a eternidade era na verdade curta - que ele não podia ouvir direito. Ele se levantou descalço e o chão era gelado, foi até a cozinha e abriu a geladeira e procurou pela água, que tinha um gosto estranho de geladeira e comida velha fria, tinha cheiro, quase não era mais água era só meio um líquido de resto, e com o nojo que ele se sentia achou que lavar a boca com aquilo era melhor que ter ela azedando o hálito e bebeu quase tudo, foi até o banheiro. Ela ficou impaciente e começou a perguntar onde ele tava, Mijando, ele gostava de falar grosso com ela suada no chão, desrespeitoso, não porque fazia ele se sentir bem, porque ele amava as mentiras todas e a união eterna de até sexta-feira, mas porque isso fazia ela se sentir mal e isso também fazia ele se sentir mal e não tinha duas pessoas no mundo que ele desgostasse, agora, mais do que eles dois.
Ele se vestiu na frente dela sem olhar nos olhos, ele não queria ver os olhos, nem que ela desse um sorriso do qual ele duvidasse, nem dizer que amava. Ela perguntou, O que é que você tem? e ele disse Uma facilidade incrível de ser um idiota.
[...]
Ela vinha mudando de cor com os pisca-pisca manchando ela de colorido que mudava, ela era um acidente de aquarela na mesa de um artista, uma pintura barata e genérica que ele bebia apaixonadamente sobre o tapete e o frio do piso, até caírem abraçados com as roupas enroladas nos corpos e ela virava para a árvore, só as orelhas dela mudavam de cor agora, e ela fazia uma jura de amor eterno - um dia ele a olhou nos olhos de uma desconhecida, tinha inabalável certeza de que ela mentia o amor da boca e foi então que ele pensou como a eternidade era na verdade curta - que ele não podia ouvir direito. Ele se levantou descalço e o chão era gelado, foi até a cozinha e abriu a geladeira e procurou pela água, que tinha um gosto estranho de geladeira e comida velha fria, tinha cheiro, quase não era mais água era só meio um líquido de resto, e com o nojo que ele se sentia achou que lavar a boca com aquilo era melhor que ter ela azedando o hálito e bebeu quase tudo, foi até o banheiro. Ela ficou impaciente e começou a perguntar onde ele tava, Mijando, ele gostava de falar grosso com ela suada no chão, desrespeitoso, não porque fazia ele se sentir bem, porque ele amava as mentiras todas e a união eterna de até sexta-feira, mas porque isso fazia ela se sentir mal e isso também fazia ele se sentir mal e não tinha duas pessoas no mundo que ele desgostasse, agora, mais do que eles dois.
Ele se vestiu na frente dela sem olhar nos olhos, ele não queria ver os olhos, nem que ela desse um sorriso do qual ele duvidasse, nem dizer que amava. Ela perguntou, O que é que você tem? e ele disse Uma facilidade incrível de ser um idiota.
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