segunda-feira, janeiro 21, 2008

Prelude to Madness

O corpo era contornado por um fina camada de luz opaca azul. O martini no copo [pirâmide inversa suspensa por um filete cônico sobre uma base esférica de vidro] distorcia a luz, prismando-a como um arco-íris de tonalidades de diferentes e imperceptíveis saturações de cor, com uma azeitona flutuando no líquido como um pesadelo psicodélico sendo corroído por ácido.

A caixa de som explodiu. Tudo que escapava eram graves em um guitarless-dub cuja bateria descompasava o seu pensamento. Em um momento de alcoólica distração, os olhos acompanharam o brilho da luz pela superfície da pele dela, vendo o reluzir dos pêlos do braço brilharem como ouro de tolos e vertiginando-se em curvas suaves até hipnotizar-se pela reflexão da luz na sua íris, que lhe concedia a mitológica atração de uma ninfa, sereia, talvez uma quimera.

Quando ela virava a cabeça, os brincos balançavam e ela movia-se devagar. Ele via tudo em ondas, semiconsciente apenas de que passaria mal em breve. Perdeu-a de vista quando os olhos perderam o foco e, deitando a cabeça sobre o balcão, sentia a areia despejar-se sobre seus olhos ao observar o gelo derreter dentro do copo e estragar um antes perfeito whisky.

Dois segundo depois, estava em queda junto com o banco.
Eu deveria aprender guitarra e me tornar um rock star.

Essa é a primeira coisa da qual eu vou me arrepender no leito de morte.