quarta-feira, junho 11, 2008

the christianity of your virginity ou havana 2 ou incompleto 2

Ela levantou da cama, escapando das cobertas para o universo frio e distante que cercava a cama. O lençol deslizou do corpo para se amontoar no chão e revelar uma alvidez semelhante, e, debruçando contra a janela, ela olhava-o ainda sôfrego na cama, eclipsando a lua com o corpo que a fazia exalar uma auréola de luz como se banhada pelo próprio espírito santo. Os olhos tinham o mesmo brilho frio de tudo o resto quando chegava o inverno e ele ia longe no silêncio, farto na doçura do veneno que, ainda úmido escorrido no seu queixo, o queimava como gelo.

Você nunca me deu nada, ela lhe sorriu; sorriso porque o vento corria pelas suas costas.

Dei-lhe Paris, ele arrumava-se na cama desfeita, deitado sobre as costelas e repousando o sorriso-de-quem-contava-uma-história sobre o braço.

Paris fede a mijo e os franceses são terríveis. Voláteis, rabugentos, sensualmente cruéis.

Uma nação de mulheres.

Uma nação de selvagens em camisas bufantes.

Que lhe deram perfumes que a fizeram ter o cheiro de uma deusa.

Todos em pequenos frascos.

Eu sempre gostei do seu tamanho, falou jogando-se contra as costas e fechando os olhos para sussurrar, e a forma com que os lençóis sempre parecem repousar banhados de você por semanas subseqüentes.

O quê?

Ele respondeu abrindo os olhos, refletindo-a na íris.

Por que sempre me dá a impressão de que eu não ouvi a melhor parte?

Nenhum comentário:

Postar um comentário