Ela levantou da cama, escapando das cobertas para o universo frio e distante que cercava a cama. O lençol deslizou do corpo para se amontoar no chão e revelar uma alvidez semelhante, e, debruçando contra a janela, ela olhava-o ainda sôfrego na cama, eclipsando a lua com o corpo que a fazia exalar uma auréola de luz como se banhada pelo próprio espírito santo. Os olhos tinham o mesmo brilho frio de tudo o resto quando chegava o inverno e ele ia longe no silêncio, farto na doçura do veneno que, ainda úmido escorrido no seu queixo, o queimava como gelo.
Você nunca me deu nada, ela lhe sorriu; sorriso porque o vento corria pelas suas costas.
Dei-lhe Paris, ele arrumava-se na cama desfeita, deitado sobre as costelas e repousando o sorriso-de-quem-contava-uma-história sobre o braço.
Paris fede a mijo e os franceses são terríveis. Voláteis, rabugentos, sensualmente cruéis.
Uma nação de mulheres.
Uma nação de selvagens em camisas bufantes.
Que lhe deram perfumes que a fizeram ter o cheiro de uma deusa.
Todos em pequenos frascos.
Eu sempre gostei do seu tamanho, falou jogando-se contra as costas e fechando os olhos para sussurrar, e a forma com que os lençóis sempre parecem repousar banhados de você por semanas subseqüentes.
O quê?
Ele respondeu abrindo os olhos, refletindo-a na íris.
Por que sempre me dá a impressão de que eu não ouvi a melhor parte?
Nenhum comentário:
Postar um comentário