domingo, dezembro 14, 2008

miau

Enrodilhado na soleira, cabeça sobreposta aos braços, escapando um sussuro pelo bigode, sacode dos pêlos do rabo dois dedos de neve, um gato. Pardo, no aguardo de presa, afunila os olhos, afunila os olhos com a vontade, procurando o cheiro de sangue a ser resvalado, em escape da miragem de sombras que compõe o baixo da cidade nas linhas da calçada. Um deslize, nas escadas em desgelo, faz da queda um sobressalto, as orelhas dos ratos eretas avisam, cuidado!, de onde eles se escapam para tocas e rachaduras e saias de raparigas desatentas - e quem bom sejam, poupando-nos do escândalo d'um rato entre as pernas! -, fazendo da fome do felino, o mal-jeitoso, um teco de ironia no cozido.

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